terça-feira, 30 de outubro de 2012

Programação do Módulo II - Turma Noturna

MODULO II – Os Alicerces do Desenvolvimento Humano: crise e enfrentamento

Este módulo visa propor reflexões respeito do complexo processo do desenvolvimento humano e sua implicação na saúde. Ao final dele, o aluno deve ser capaz de compreender as inter-relações entre processo de crise e desenvolvimento psicológico, sobretudo, levando em consideração aqueles aspectos implicados nos processos de saúde e doença e na relação de cuidado enfermeiro-paciente que se desenrola no contexto do hospital.

Bibliografia de Referência: Erick Erickson, Alfredo Simonetti, Elizabeth Klubber-Ross, Colin Muray Parkes, Raquel Soifer, Renè Spitz, John Bowlby, Clara Regina Rappaport, Ruth Mylos Rocha, Recomendações da OMS para o parto Humanizado.

        Aula IV - Desenvolvimento Pré-natal e Nascimento            01 de Nov
Aula especial com Adele Valerini, graduanda do 8° período de Psicologia (UNICEUB), doula e especialista em saúde e educação perinatal.
Temas propostos:
a)       Tornar-se mãe: o nascimento do vínculo mãe-bebê.
b)       Os desafios do nascimento.
c)        Psicose e depressão puerperal.
d)       O parto humanizado: conceito e prática.
                                        .
         Aula V - Palestra: Loucura e Sociedade: A história da relação do homem com o diferente      06 de Nov
                Palestra a Ser Realizada no I Ciclo de Palestras e Oficinas do ICESP, abordando:
a)       A Evolução Histórica do Conceito de Loucura.
b)       A História dos Manicômios.
c)        Loucura e Saberes e Praticas Médicas.
d)       A Crítica Institucional e o Modelo de Luta Antimanicomial.
e)       A Reforma Psiquiátrica no Brasil.
f)         Cuidado Humanizado em Saúde Mental.

          Aula VI - Aplicação da Verificação de Aprendizagem II – VAII         08 de Nov.
Aplicação de Verificação de Aprendizagem, valendo 25 pontos. Será cobrado de modo cumulativo o conteúdo do Módulo I (aulas 1, 2 e 3), mais as aulas 4, e 5.

 Temas de interesse:
                1- A importância da escuta clínica e da observação dos fenômenos psicológicos no contexto da saúde humanizada.
2- O Cuidado como “essência do humano” e do “profissional de saúde”.
3- O conceito de subjetividade e sua relevância na pratica clinica.
4 - A diversidade de olhares sobre a psicologia: Psicanálise; Humanismo; Behaviorismo/Cognitivismo; Psicologia Social
5 - O valor da escuta na relação enfermeiro paciente.
6- O estabelecimento do vínculo mãe-bebê.
7- Parto humanizado, conceito e prática.
8- A evolução do conceito de loucura.
9- Fundamento e Princípios da Reforma Psiquiátrica.

Aula VI - Teorias do Desenvolvimento Humano        15 de Nov
Dinâmica de Sensibilização: Debater sobre desafios diferentes que se apresentam cada fase da vida

         a) A teoria psicossexual de Sigmund Freud
         b) A teoria Epigenética de Jean Piaget
         c) A teoria Psicossocial de Erick Erickson
                                                                                                                                                                               
       Aula VII - O Conceito de Crise Psicológica: crise de ciclo de vida e crise acidental     23 de Nov
a)       O conceito de Crise Psicológica.
b)       O Ciclo de Vida Completo.
c)        Crises Normais X Crises Acidentais.
d)       Mecanismos de Enfrentamento saudáveis e patológicos.
e)       A crise suicida e a crise psicótica no contexto do hospital.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Recomendações de Leitura para a próxima Aula

       Olá pessoa! Como é de conhecimento de todos, a próxima aula (01/11) terá a participação especial de Adele Valarine, especialista em saúde perinatal.
       A Adèle sugeriu que todos se preparem para a sua aula com a leitura das recomendações da OMS para partos humanizados, acessível na página:

 http://infobrasilia.blogspot.com.br/2011/03/recomendacoes-da-oms-organizacao.html

     Além disso, aos interessados pelos temas, eu recomendo o blog da própria Adele, onde pode ser encontrado muito material de excelente qualidade sobre saúde perinatal, psicologia do desenvolvimento infantil, parto humanizado e outros:
  blog da Adele Doula

    Lembrando que é importante que todos cheguem cedo, pois daremos início à aula as 9:20, com o máximo de pontualidade em respeito a convidada.
      Obrigado e boa Leitura!
       Professor Artur
        =)

Aula IV - Os Desafios do Nascimento - aula especial com Adele Valarine ( doula, finalista de psicologia (UniCEUB) e especialista em saúde perinatal )

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aviso Importante

Quinta-feira, dia 01, de daremos início a mais um módulo de nossa disciplina. Nesta parte do curso trataremos dos processos do Desenvolvimento Humano: crise e enfrentamento. Deste modo, na próxima aula iniciaremos com o primeiro passo do desenvolvimento humano, o nascimento.  Teremos a participação especial de Adele Valerini, estudante finalista do curso de psicologia (UNICEUB), doula e especialista em saúde e educação perinatal. Entre os temas a serem abordados, temos:

a) Tornar-se mãe: o nascimento do vínculo mãe-bebê.
b) Os desafios do nascimento.
c) Psicose e depressão puerperal.
d) O parto humanizado: conceito e prática.

Espero a participação de todos! 

Obrigado!

                                                         Artur

Comentários Sobre a Situação III - Por Vera Maria Alves (Mat.)


     O caso da enfermeira Mara é muito complexo. Lidar com pessoas é complicado e lidar com sentimentos é muito mais. O caso de Elisa, uma jovem de 24 anos, solteira, estudante de direito, que acabara de dar à luz é delicado, pois não se trata de uma doença que possa ser diagnosticada através de exames laboratoriais, mas depende basicamente dos sinais e sintomas que a paciente apresenta, de como ela se manifesta ao longo do tempo e de sua intensidade.
     O nascimento de um filho é um momento único, de extrema felicidade, principalmente para a mãe, a qual conviveu durante nove meses, com algumas dores durante a gestação e uma das dores mais insuportáveis que é a “dor do parto”, mas, nada disto faz com que supere a expectativa da chegada do tão esperado bebê, isto para a maioria das mães.
     Não foi assim com o nascimento de Fábio, talvez pelo fato de Eliza ser solteira. Na verdade não é relatado à presença do companheiro e pai da criança, o que sugere que talvez ele não tenha dado a devida assistência, o apoio ou mesmo que não via com bons olhos a gravidez. Talvez, com isso, Elisa tenha se sentido sozinha, frustrada, sem rumo. Além disso, é necessário considerar as alterações hormonais, que podem ter mexido com ela, aumentando o stress ao longo da gestação, contribuindo para o aparecimento do problema.
     É normal a puérpera ficar irritada, se sentindo cansada ou triste, o que pode ter sido desencadeado até em função da privação do sono, pelo fato do bebê acordar muitas vezes à noite, o que acaba passando após algum tempo, sem deixar vestígios, mas se os sintomas forem se instalando cada vez mais ao longo de várias semanas e ficando piores a cada dia, ela pode estar desenvolvendo um quadro de depressão pós-parto.
     Lidar com paciente depressivo não é uma tarefa fácil, exige muita paciência, dedicação, profissionalismo e, acima de tudo, o entendimento de que não é apenas um corpo doente, mas uma pessoa, que merece respeito, carinho, compreendendo que é um ser que está em um momento delicado, na maioria das vezes não entende o que está ocorrendo, se nega a cooperar, imagina não ter mais solução e que todos estão contra ele.
     Neste momento, o profissional tem que intervir, com medicações, acompanhamento psicológico, psiquiátrico e muita dedicação da equipe de enfermagem, para o bom andamento e evolução do tratamento.
     Num passado não muito distante, os sinais e sintomas da depressão não eram valorizados, ninguém se falava em depressão pós-parto. Os transtornos de humor eram considerados características próprias femininas, isto quando não eram consideradas loucas ou possessas por demônios. Sem diagnóstico nem tratamento adequado, ou a doença se resolvia sozinha, ou tornava-se crônica, sendo muitas vezes abandonadas em manicômios.
     Atualmente, essa visão tem mudado bastante, quase em sua totalidade, as pessoas passaram a entender que não é “frescura” de mulher, mas uma doença que surgiu independente de sua vontade e que seu tratamento e cura não dependem só dela querer, mas precisa de ajuda e intervenção medicamentosa, muita compreensão e paciência.  
     Eu, como profissional da saúde e enfermeira, orientaria e incentivaria a amamentação, primeiro pelo fato do leite materno conter uma rica fonte de anticorpos também denominados imunoglobulinas da classe IgA, que o bebê ao ingerir o leite materno esses anticorpos irão protegê-lo contra infecções, pois seu sistema imune ainda não é capaz de exercer sua função sozinho ainda.
     Como a Elisa se recusa a amamentar, tentaria explicar a ela quais os benefícios nutricionais e transmissão de anticorpos que traria à criança que ficaria mais protegida contra doenças; a outra orientação/tentativa, seria a aproximação mãe-filho, para estimular a aceitação de Elisa pelo seu filho Fábio, que poderia ocorrer apenas pelo fato do contato direto em estar amamentando seu bebê. Também chamaria a família, para dar apoio à Elisa, mostrando a ela que não precisa ficar angustiada, com medo, pois estarão sempre ao seu lado para apoiá-la em tudo que ela precisar.
     Em resumo, devemos apoiar/atender o paciente independente de sua condição, seja ele dependente ou não, ouvindo suas queixas e angústias sem pré julgamento, pois se optamos por esta profissão, devemos exercê-la com dedicação, atenção, procurando sempre a perfeição, para que nosso objetivo, que é a cura da doença, seja alcançado.



   

Comentários Sobre a Situação II - por Juliana de Sousa Muniz (mat.)


A relação mãe e filho começam muito antes do nascimento, da primeira vez que a mãe pega a criança no colo e amamenta. Essa interação vem desde o inicio, quando a mãe descobre a gravidez. A partir dessa descoberta a mulher já inicia – ou, pelo menos, deveria iniciar - a criação um laço materno. Ela sabe que a partir daquele momento há uma responsabilidade tanto internamente, quanto externamente, e que a criança irá precisar de muito amor, carinho e principalmente cuidado.
Com o nascimento, esses sentimentos tendem a de intensificar, a relação que antes ocorria de forma mais indireta/abstrata, passa a ser vivenciada 24 horas por dia. A família é a base da criança, onde, de um modo geral, ela adquire os primeiros conhecimentos, valores éticos e morais, e o pai e mãe são os primeiros educadores, professores, amigos e médicos.
De certa forma, o filho vê os pais como um porto seguro, sendo, de um modo geral, totalmente dependentes dos mesmos. Diante disso, podemos imaginar quando filhos sofrem a perda dos pais ou vice versa. Perder alguém amada é como se uma parte de você mesmo estivesse sendo arrancada a força, indo embora junto com a perda, por algum tempo a pessoa fica sem chão, sem rumo, literalmente desorientada.
Uma perda desta natureza foi o que ocorreu com Letícia, uma menina de 9 anos, que após sofrer um acidente de carro, perdeu toda sua família que a acompanhava e ainda entra em coma. Após duas semanas, Letícia acorda do coma, e o que era pra ser um momento de comemoração, alegria, se torna um momento de tensão. Cabe à enfermeira Rosa informar ou omitir da menina a morte dos pais e irmão.
            Em situações como essa, uma mistura de sentimentos toma conta do momento, a insegurança da menina, luto, solidão, perda, o “psicológico”, entre outros sentimentos de desamparo e todos esses aspectos acabam dificultando a decisão da enfermeira, que tem que agir com cautela, pois, dependendo da postura adotada por ela, pode ver piorar ainda mais a recuperação da menina.
Se já é difícil lidar com criança quando ela vive fazendo perguntas, imagina agora, em que ela ao mesmo tempo é tão pequena, tão frágil, e ainda assim tem que adotar uma postura mais “adulta”. O fato, é que a decisão da enfermeira em contar ou não para a menina é algo que passa dos limites da racionalidade e invade o lado emocional. Não é fácil, nem para quem irá receber a notícia e nem para quem irá dar a notícia. Nesse momento todo cuidado é necessário, o momento de falar, modo de falar, são imprescindíveis.
Apesar de saber que as perguntas da menina serão frequentes até ela obter as devidas respostas, o melhor a se fazer nesse caso é contatar um outro parente da menina, nesse caso a avó, conversar sobre o caso, procurar saber mais sobre a vida da menina, para poder saber quais as possíveis reações que ela poderá ter. Também é importante escutar o que o parente acha da situação, respeitar as vontades deste, mas, isso não quer dizer que estas vontades devam ser atendidas prontamente: o foco e preocupação é a menina, então, acredito que juntos, enfermeira e parente dever chegar a um consenso do que é melhor para a criança no momento.
Enfim, é importante lembrar que o momento mais difícil já passou que foi o acidente e a menina ter conseguindo sair com vida. Esses dois fatores devem ser levados em consideração na hora em que for falar com ela e, ao invés de dar a notícia de uma forma que a criança se sinta mal depois, mostre a ela que “as coisas não são nem boas nem ruins. Elas são o que são. Tudo depende da forma que a gente as encara”...
É certo que é complicado fazer uma criança de apenas nove anos entender isso, mas, dependendo da forma como você encara a situação, pode ajudar a criança a tornar esse momento menos doloroso.

Comentários Sobre a Situação VI, por Karine Gonçalves e Kamila Maria (Mat.)


A negligência na enfermagem é a falta de atenção ou cuidado, a inobservância de deveres e obrigações que se evidencia pela falta de cuidado ou de precaução com quem recebe os cuidados de saúde. A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão; entendendo-se que é negligente é a pessoa que podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou se comporta de modo diverso (Oguisso, 1999).
Na situação VI, é relatado que uma jovem recém-formada, já trabalhando na área de enfermagem comete uma das falhas mais comuns na enfermagem: a negligência.  Ela se vê em uma situação em que sente nojo do paciente e por isso não consegue realizar sua função. Em função deste comportamento, sua colega de trabalho resolve denuncia-la para a supervisora do setor. A supervisora procura conversar com a jovem a sós, e percebe que, na verdade, a mesma não dá conta da a situação, pois tem medo de se infectar e não consegue lidar com a gravidade do sofrimento de sua paciente. 
Acreditamos que muitos enfermeiros têm dificuldades em desenvolver o cuidado com o paciente, devido fatores como a falta de conhecimentos específicos sobre o câncer, dor crônica e sua terapêutica. Por essa razão também, eles têm dificuldades nas habilidades expressivas para promover o apoio psicológico adequado (Silva & Zalgo, 2001). O graduando em enfermagem deveria, por isso, ter ao longo de sua formação uma preparação psicológica, estudar sobre as diversas situações que certamente encontrarão ao longo de sua vida profissional. Casos como este descrito acontecem muito com enfermeiros recém- formados.
Foi possível constatar que não há muita diferença entre enfermeiros formados há muito tempo, em comparação com os recém-formados em relação no preparo diante da morte e do morrer. Isso de evidenciou no fato de que não houve mudanças significativas na formação dos futuros “enfermeiros” diante desta situação. Embora boa parte dos enfermeiros não tivesse preparo para lidar com a morte, muito deles a veem como um processo natural - um percentual de 61,1% - devido seu preparo que acontecera no ambiente de trabalho (Furtado et al., 2011).
Como é mostrado nessa pesquisa, os graduandos em enfermagem não estão tendo um preparo psicológico principalmente em relação a morte na faculdade, o que dificulta as relações de enfermeiro /paciente, nas suas vivências profissionais.
Então, não basta saber as técnicas, conhecer o funcionamento fisiológico do corpo humano, é importante os estudantes terem noção da realidade hospitalar desde o início do curso. Percebemos que a matéria de psicologia não é tão valorizada no curso de enfermagem. Sendo de extrema importância que sejam incluídas mais disciplinas que demonstrem a subjetividade do cuidado.

Oguisso T, Schmidt MJ. O exercício da enfermagem: uma abordagem
ético-legal. São Paulo: LTR; 1999. 232 p.
Silva LMH, Zago MMF. O cuidado do paciente oncológico com dor crônica na ótica do enfermeiro. Rev Latino-am Enfermagem 2001 julho; 9(4):44-9).
Oliveira Furtado, AM.,Silva de Souza,  SR de O.,Da Silva Ramos, J., Ferreira, O enfermeiro frente ao paciente fora de possibilidade terapêutica: dignidade e qualidade no processo de morrer, 2011. In Revista Enfermeria Global.

Comentários sobre a Situação VIII: por Camila Nágila; Tânia Maria e Lisângela Fernandes (Mat.)


                 O homem é um ser de natureza social, sua tendência é viver em comunidade, ou seja, formando a sociedade. Cada sociedade tem sua própria cultura, seus modos de agir, sua arte, seus costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem. Deste modo, a dimensão psicológica de um indivíduo será fortemente influenciada pela cultura em que ele está inserido. Isso é claramente demonstrado na situação oito.
              Nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, nos condicionou a reagir negativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Atitudes etnocêntricas resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são automaticamente classificadas como absurdas deprimentes e imorais.
 Problemas e transtornos de ordem psicológicos são típicos e explícitos na sociedade do século XXI. Cada vez mais se percebe nos hospitais, equipes de apoio voltadas para este fim. Na situação retratada, há uma junção de fatores culturais, psicológicos, sociais, trata-se de pacientes indígenas, que possuem estilos e hábitos de vida diferentes e ainda, uma série de comportamento que afrontam os costumes do homem da cidade. Não é recomendado, entretanto, julgar o paciente ou sua mãe a partir de um sistema valores etnocêntrico. Não podemos condená-los por comportamentos inadequados, já que os mesmos são pertencentes á outro sistema cultural.
É importante ressaltar que situações como a referida, são de grande recorrência em um ambiente hospitalar. Por isso, é necessário que haja profissionais amplamente treinados e principalmente preocupados com o bem estar do paciente. Pois uma equipe voltada para o seu indivíduo em tratamento, deve se prestar apoio e solidariedade ao cidadão.
            O texto também é apresentado o problema da comunicação, ou seja, a questão da linguagem enquanto ferramenta de cuidado profissional de saúde.  A diferença de dialetos pode até ser sanada através de gestos, olhares e atitudes. O ser humano é um ser versátil, capaz de se fazer compreender de muitas formas não verbais.  É importante lembrar que inúmeras situações envolvendo dificuldades comportamentais serão apresentadas diariamente à equipe de saúde. Na prática da enfermagem  elas poderão até se tornar ‘‘corriqueiras’’ pela frequência com que se apresentarão. Isso exigirá que profissional de saúde desenvolva maleabilidade e experiência para lidar com essas situações. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Comentários sobre a Situação III - Marcos André , Amanda Duarte,Tayane (Mat.)


Segundo informações colhidas no texto Elisa, é uma mulher solteira, em sua primeira gestação, estudante de direito, não foi acompanhada nem pelo pai de seu filho, nem por familiares durante o pós-parto. Após o parto, Eliza começou a apresentar comportamento e fetos diferenciados como solidão, choro, não queria falar, rejeição ao filho, autoestima baixa; todos, sinais e sintomas que foram se agravando com o passar do tempo. Como se pode observar, tais sinais são característicos de uma provável depressão pós-parto.
Segundo a psicologia, a depressão pós-parto é um transtorno cuja sintomatologia se desenvolve de modo semelhante aos da depressão comum. Ela é caracterizada por estado de humor rebaixado, pouca vontade de sair de casa, isolamento social, tristeza intensa e frequente, apetite e sono alterado.
Durante a gestação, a mulher comumente apresenta muitas mudanças de ordem física, biológica e hormonal. O stress que ela enfrenta durante esse período e depois do nascimento da criança pode ser exatamente o fator desencadeante dos sintomas depressivos. O enfermeiro tem que se atentar aos sinais e sintomas que o paciente possa apresentar e assim como saber se orientar, evitando palavras que possa deixar o paciente ainda mais depressivo. O enfermeiro deve orientar a equipe de enfermagem e encaminhar a paciente ao serviço de psicologia e psiquiatria para que se investigue a possível causa, assim como, orientar os seus familiares os principais fatores que estejam ligados ao desenvolvimento de uma provável depressão pós-parto.
É preciso estar atento aos fatores que podem estar ligados à depressão pós-parto como o pouco suporte dado pelo parceiro, que geralmente foi ausente durante a gravidez; o pouco apoio da família para a mãe; os transtornos psiquiátricos; as dificuldades de assumir o papel materno. Nenhum tratamento será tão eficaz como o apoio e carinho da família. Cabe ao enfermeiro fazer esta ponte entre família, paciente e equipe multidisciplinar.

sábado, 13 de outubro de 2012

Carl Rogers e Teoria Humanista

Entrevista de Carl Rogers à revista Veja (1977)

 

"Por um homem melhor
O Pai da psicologia humanista fala de batatas, pessoas, governos, ladrões e acadêmicos.

Por Fabíola I.de Oliveira

Nascido em 1902, e psicólogo pratico desde 1927, Dr.Carl Rogers passou cerca de 15 anos acreditando que o papel do psicoterapeuta era apenas o de manter-se a parte quanto a seus sentimentos em relação ao paciente. Assim distanciado ,pensava ele, ficava mais fácil enxergar as soluções adequadas. Depois de experiências vividas com alunos e com pessoas que vinham à procura de ajuda, Rogers acabaria percebendo, no entanto,que quanto mais se abria como pessoa no relacionamento com o paciente mais efetivo e rápido tornava-se o sucesso do tratamento. E através do desenvolvimento dessa idéia se afastando cada vez mais da psicologia tradicional ou freudiana e da psicologia do comportamento , ao ponto de hoje confessar que acredita ser “um fenômeno embaraçosamente doloroso para os psicólogos acadêmicos”.

A partir da publicação, em 1942, de “Conseling and Psychotherapy”, seu primeiro livro sobre aconselhamento centrado no cliente, ele passaria a influenciar, os mais diversos campos profissionais , tanto nos Estados Unidos – onde nasceu e vive até hoje como em outros lugares do mundo , onde é conhecido como um autêntico desmistificador de psicoterapia.

Com efeito, Rogers abriu a psicoterapia à observação pública e à pesquisa investigatória, sendo o primeiro a gravar e depois a filmar sessões terapêuticas. Assim expunha seus métodos à pesquisa cientifica. Antes dele, nenhum psicoterapeuta havia tido a coragem de mostrar, publicamente , suas falhas e seus sucessos, a observar e a estudar não só as reações da pessoa tratada mas suas próprias atitudes do processo terapêutico.

Hoje, Carl Rogers, dedica-se, junto seus colegas do Centro para Estudos da Pessoa, em La Jolla. Califórnia, onde é professor residente, à organização de grupos de encontro onde os pacientes entram em comunicação uns com os outros e pouco a pouco vão se descobrindo e se livrando de seus mal-estares emocionais. Há um mês no Brasil acompanhado por quatro membros de sua equipe, Rogers participa, na Aldeia de Arcozelo, no Rio de Janeiro, do primeiro Encontro Centrado na Pessoa, no Brasil. Lá, durante duas horas, ele concedeu esta entrevista a "VEJA".

VEJA – Como se situaria a pessoa humana diante da psicologia humanista?

ROGERS – O ser humano, como todos os organismos, tende a crescer e a se atualizar. É claro que todos os fatores sociais, econômicos e familiares podem interromper esse crescimento, mas a tendência fundamental é em direção ao crescimento, ao seu próprio preenchimento ou satisfação. Costumo exemplificar esse processo lembrando batatas que guardávamos no porão da nossa casa na fazenda. Elas criavam brotos porque havia uma janelinha no quarto. Era uma tentativa inútil, mas parte da tentativa do organismo de se satisfazer. Você consegue um produto muito diferente quando planta uma batata na terra, e comparo esse processo ao que pode ser encontrado em delinqüentes e em pessoas que são tidas como doentes mentais: o modo como suas vidas se desenvolveram pode ser muito bizarro, anormal; no entanto, tudo o que elas estão fazendo é uma tentativa para crescer, para atualizar seus potenciais. O fato de essa tentativa causar maus resultados situa-se mais no meio ambiente do que na tendência básica do individuo. A pedra fundamental da psicologia humanista pelo menos como eu vejo, é, portanto essa crença de que o ser humano tem um organismo positivo e construtivo.

VEJA – A psicologia humanista pode ajudar a sociedade a resolver seus problemas ? De que modo?

ROGERS – Ela não é uma solução para todos os problemas do mundo, mas pode ajudar muito na solução dos problemas psicológicos e sociais. Pode ajudar o individuo a crescer em direção a uma personalidade mais normal , mais expansiva. A psicologia humanista tem os instrumentos para reconciliar diferenças, para ajudar as pessoas a observarem os pontos de vista dos outros.

VEJA – Um governo com uma visão humanista não seria , então, mais poderoso que uma psicologia humanista?

ROGERS – Para mim, isso é um sonho, mas seria bom esquematizar uma utopia com um governo humanista.Quanto mais um governo acredita num ponto de vista humanista possibilidades existirão de promover um clima no qual os cidadãos possam crescer e trabalhar junto mais harmoniosamente, e no qual haverá mais compreensão,ou respostas, as suas necessidades. Mas não vejo nenhuma possibilidade do que eu chamaria de um governo humanista.


VEJA – O que o senhor pensa da psicologia acadêmica?

ROGERS – Nos Estados Unidos , a psicologia Acadêmica poderia dar excelente aconselhamento e ajuda a governos ditatoriais. Acho que, se qualquer autoridade diz “ queremos que as pessoas sejam mudadas desta forma”, a psicologia acadêmica sabe muito bem como mudar as pessoas, gradualmente, no sentido que se quiser. E vejo isso como um grande perigo. A psicologia humanista seria uma valiosa conselheira a uma forma de governo democrático, pois ela o ajudaria a ser cada vez mais democráticos, a compreender as capacidades, os direitos e a habilidade do cidadão de ser responsável.

VEJA – O senhor tem se dedicado profundamente à organização de grupos de encontros. O que vem a ser, para o senhor um grupo de encontro?

ROGERS – É uma oportunidade para as mais diversas pessoas se encontrarem, sem nenhum planejamento, a não ser elas mesmas e seus inter-relacionamentos. Não existe um tópico a ser discutido nem problemas imediatos a serem resolvidos. Então, sobre o que se vai falar? Quando as pessoas percebem que qualquer coisa pode ser discutida, então começam a falar mais de si mesmas e o encontro torna-se mais profundo. A pessoa começa a acreditar que o grupo pode compreende-la e o processo pode ser descrito como uma percepção dos próprios sentimentos, que as pessoas nunca pensaram possuir, tentando novas maneiras de se comportar no grupo, desenvolvendo relacionamentos mais íntimos, sejam eles positivos e de amor, ou de raiva e confrontação, mas, de um jeito ou de outro, se aproximando mais como pessoas.


VEJA – Qual a diferença entre os grupos de encontro e a terapia individual?

ROGERS – Na terapia de um-para-um, o cliente sente que é um milagre que ele possa ser aceito e compreendido – mas será que alguém mais o compreenderá? Em um grupo de encontro, ele logo percebe: “Todas essas pessoas me aceitam? E nem ao menos estão sendo pagas para isso?” E isso é muito forte, pois provoca o sentimento de que, “quem sabe, eu sou uma pessoa aceitável”. Nesse sentido, o grupo de encontro pode ser de maior efeito que a terapia individual.


VEJA – Que mudanças ocorrem num grupo de encontro em relação à percepção ou conscientização?

ROGERS – Tanto na terapia quanto no grupo de encontro, a mudança mais notável é a expansão da conscientização do individuo. Ele vem para o grupo achando que sabe quem é e que está consciente de si mesmo. Mas, quando começa a se abrir e a notar como as pessoas ouvem com atenção, ele descobre, dentro de si mesmo, coisas que não havia percebido antes. Começa a sentir que é mais do que pensava ser, que tem sentimentos que nunca havia notado. Uma pessoa que nunca mostra raiva, por exemplo, perceberá, no grupo, que tem raiva dentro de si. Ela não se esquecerá disso e reconhecerá, no fundo, quando sentir raiva, que não poderá mais escondê-la – e terá condições para lidar com ela.

VEJA – Por que o senhor chama de “facilitadores” os lideres dos grupos de encontro?

ROGERS – Porque o termo “líder” implica que uma pessoa sabe para onde o grupo irá se dirigir e o orientará nessa direção. Então eu prefiro chamá-lo de “facilitador”, porque minha idéia de seu propósito no grupo é a de que ele deve permitir que as pessoas se expressem sem saber onde isso as levará. Ele facilita essas expressões do grupo mas não controla sua direção. O facilitador pode saber alguma coisa sobre o processo de grupos e o mesmo é verdadeiro para a terapia. O tipo de terapeuta que eu gosto é o que age como um facilitador, pois não tem noção do que surgirá na terapia, ou que direções a pessoa escolherá para si mesma.
VEJA – E, se ocorrer uma crise dramática dentro do grupo, o facilitador deve então fazer o papel de líder?
ROGERS – Não, não! O facilitador inexperiente pode se sentir tentado a fazê-lo, mas o experiente procurará acreditar no grupo. Lembro-me do que aconteceu com um membro de nossa equipe quando um homem sofreu uma terrível crise psicótica, numa sessão de grupo de encontro. As pessoas entraram em pânico e exigiram que o facilitar fizesse alguma coisa, mas ele se manteve calmo e fez com que o grupo discutisse sobre que atitude tomar. Algumas pessoas que se sentiram mais próximas ao homem tentaram conversar com ele, mas o grupo ainda achava que ele deveria ser internado. Pediram-lhe então que voltasse ao grupo, discutiram seus sentimentos e suas preocupações com ele. No fim, tudo foi resolvido e mais tarde ele fez terapia, sem hospitalização. O ponto é que o grupo, como um todo, é capaz de agir muito mais sabiamente do que uma pessoa sozinha.

VEJA – As qualidades essenciais para um facilitador podem ser ensinadas ou são naturais?

ROGERS – As qualidades essenciais para terapia individual – ou para grupos de encontro – foram especificadas há bastante tempo e têm sido confirmadas por pesquisas. Primeiro, se a pessoa está ligada a outra, como pessoa, genuína e real –sem envergar um avental branco de doutor-, isso será de grande ajuda. Depois, se a pessoa sente uma importância real pela outra, vai tornar seu crescimento e seu desenvolvimento mais possíveis.
E, por último, se ela pode realmente compreender o mundo interior do outro, verdadeiramente se sentir parte do universo de uma pessoa, essa capacidade para a empatia será muito importante para o crescimento construtivo. Dessas três, acredito que uma pode ser facilmente treinada – a empatia. As pessoas podem aprender a ouvir melhor e com mais compreensão, e a se afastarem de alguns de seus próprios conceitos, e realmente entenderem os outros como eles são. As outras duas qualidades vêm com a experiência de vida, e outras vezes através da terapia ou de vivencias como grupos de encontro.

VEJA – Por que o senhor começou a chamar as pessoas de “clientes” , em vez de “pacientes”?

ROGERS – A razão mais profunda foi nunca ter sentido que as pessoas que me procuram eram “pacientes”. Não eram doentes, e sim pessoas em dificuldade. Então, qual o termo mais apropriado ? Em inglês, “cliente” é aquele que vem buscar o seu serviço. Mas ele ainda é responsável por si mesmo.


VEJA – Qual sua maior fonte de aprendizagem?
ROGERS – São as pessoas e os estudantes com quem convivo e trabalho. Quando você se abre ao mundo de outros, um dos riscos – e a maior vantagem – é que você terá mais possibilidade de aprender alguma coisa.


VEJA – O senhor tem se preocupado , ultimamente,de maneira crescente,com a educação como forma de comunicação entre as pessoas. Como vê o sistema escolar vigente em seu pais?
ROGERS – Até recentemente, a ênfase em mais escolas, mais educação para todos e o fato de que uma pessoa nada pode fazer se não tiver um diploma universitário resultaram num modo mais mecânico de educação , tentando preparar as pessoas para uma sociedade mecanicamente orientada. De uns tempos para cá, no entanto , têm ocorrido mudanças que dão maior ênfase à liberdade no aprendizado, onde o individuo, pode escolher o que é de maior significação para a sua vida e aprender isso. Assim , ele é levado a um processo de aprendizagem constante em vez de uma educação mecanicamente orientada, que geralmente faz as pessoas sentirem que finalmente acabaram o curso , já têm seu diploma , então não precisam estudar mais. O aprendizado autodirigido, em contrate , faz com que as pessoas tenham sempre vontade de estudar e apreender . Isso a entusiasma , assim como satisfaz ás suas necessidades.


VEJA – Os adversários desse tipo de ensino tradicionalmente argumentam com o fato de que a pessoa, nesse caso , terá uma educação limitada somente a seus interesses e pode tornar-se incapaz de perceber mudanças. O que acha disso?
ROGERS – Se observarmos estudantes que saíram de escolas tipicamente tradicionais , depois de um ano ou dois, notaremos que eles também adquiriram uma educação limitada a seus próprios interesses. Eles se lembram de algumas coisas, mas a maior parte delas já foi esquecida, pois geralmente foram estudadas somente para um teste, um exame .Então , tanto um como outro modo de ensino pode ser limitado aos próprios interesses da pessoa. Mas o estudante autodirigido pelo menos conhece mais a si mesmo , conhece suas forças e suas fraquezas. E, porque ele é automotivado, freqüentemente quer preencher os lapsos de sua educação.

VEJA – O senhor acredita que a autodisciplina surge naturalmente com o aprendizado autodirigido?

ROGERS – Sim, a liberdade e a responsabilidade sempre caminham juntas, e isso é valido tanto para a educação quanto para outros aspectos da vida. A pessoa tem que viver com as conseqüências do que aprende. Se não pode perceber as mudanças , então será enganada pelos outros. E, quando isso torna claro, mais ela será responsável – ao contrario de alguém que teve liberdade mas não reconheceu suas conseqüências.

VEJA – Seguindo a tradição humanista, o senhor costuma enaltecer a bondade nas pessoas, mas não estará deixando um pouco de lado o maquiavelismo e o espírito de competição, que naturalmente existe em nossa sociedade?

ROGERS – Fui muitas vezes acusado de não compreender a maldade nas pessoas – e levo a sério este tipo de critica , isso pode até ser verdade. Mas cheguei a uma posição, não através de pensamentos passivos mas através de meus contatos diretos com pessoas , tanto em terapia quanto em grupos, ou mesmo em salas de aula, nos quais percebi que, se confio plenamente em sua capacidade de se compreenderem melhor e ser mais autodirigidas, essas escolhem direções que são sociais e não anti-sociais, ou más. Dizem que com esse tipo de terapia o individuo pode muito bem ser um melhor ladrão ou um melhor assassino , e para mim essa é uma possibilidade bastante lógica. Mas, de acordo com minhas experiências , isso simplesmente não acontece. Se ofereço a uma pessoa a possibilidade de se expressar, de buscar suas próprias direções, ela não escolhe ser um melhor ladrão ou coisa semelhante, mas procura seguir a direção de maior harmonia com seus companheiros.

VEJA – Uma terapia ou um grupo de encontro resolveria todos os problemas da pessoa , tornaria sua vida bem mais fácil?

ROGERS – Não isso não é verdade . A pessoa se desenvolverá mas o crescimento será sempre doloroso. Quando os potenciais humanos são desenvolvidos, a vida se torna mais complexa. As pessoas se descartam de seus velhos problemas deixando-os para trás, mas , quando vão em frente, encaram novos problemas , talvez tão difíceis com os anteriores – porém mais excitantes, pois elas aí estão mais conscientes e mais prontas a lidar com eles. Portanto o prazer de ser mais independente, mais real e mais livre é mais que suficiente para contrabalançar a dor e a dificuldade que advêm deste tipo de crescimento. Para a máxima curiosidade e aprendizagem desse tipo , tanto as crianças quanto os adultos precisam de amor de um individuo , ou de um grupo, que possa criar segurança suficiente para que a pessoa que está se desenvolvendo se atreva a tomar riscos que a levem a essas áreas de crescimento. E essa é uma das coisas que um grupo de encontro proporciona – a segurança de um ambiente de compreensão, com pessoas que procuram de amar mutuamente. A habilidade de tomar riscos é um dos efeitos básicos mais importantes de um grupo de encontro. Faço questão da palavra “risco” porque toda aprendizagem é um risco; no entanto, é a nova aprendizagem e o novo comportamento que tornam a vida excitante. É o que leva as pessoas a um desenvolvimento mais completo.

VEJA – Em seus trabalhos o senhor costuma se referir ao que chama de “pessoa emergente”. O que será isso?

ROGERS – Vejo a pessoa emergente como a que tomou o risco de viver de um modo novo e mais humano numa sociedade que não encoraja esse tipo de aprendizagem. Portanto, seu caminho não é fácil. São pessoas que não estão ligadas a coisas materiais , embora possam aprecia-las se as possuírem. Em termos de autoridade, vejo pessoas emergentes como alguém que tem um sentimento bastante profundo, de que somente dentro de si existe a maior fonte de autoridade, na qual pode confiar. Esta pessoa está pronta a ouvir qualquer autoridade, mas quando se trata de seu próprio comportamento, a escolha está unicamente, dentro de si mesma. Ela é quem avalia toda experiência e autoridade, e toma decisões baseadas no que ela quer fazer. Na verdade , sempre existiu uma ou outra pessoa assim. No entanto, ter um grande grupo de indivíduos tomando decisões por si mesmo , como aconteceu nos Estados Unidos, durante a guerra do Vietnam, quando um vasto numero de jovens simplesmente se recusou a ir para a guerra,é realmente um novo aspecto da sociedade.

VEJA – A pessoa emergente seria um produto exclusivo da sociedade americana ou ela pode surgir também em sociedade de paises em desenvolvimento?

ROGERS – Os Estados Unidos, principalmente na região oeste, são um terreno bastante fértil para esse tipo de indivíduos. Mas eu os tenho encontrado também em outros paises, como Holanda , Alemanha, Japão, Austrália, e sinto mesmo que o Brasil é um bom solo para esse tipo de pessoas. Em qualquer cultura , essa pessoa irá encontrar dificuldades – mas sinto no Brasil, uma coragem igual à que encontro nos Estados Unidos. Sou muito a favor dessas pessoas , pois elas apreciam o fato de que a vida é um processo de mudança. Portanto, não estão atadas a nenhuma ortodoxia ou tradição e nem qualquer modo fixo de fazer as coisas. "

FONTE: Revista VEJA no. 441
16 de fevereiro de 1977

Solitário Anônimo: a escuta enquanto forma de cuidado com a subjetividade

   Um idoso deitado na grama à espera da morte. No bolso, um bilhete anunciava ser de terras distantes, não ter parentes nem conhecidos. Não havia documentos ou posses. Seu desejo era morrer solitário e anônimo. Esse é o início do documentário que conta a impressionante história de um homem obstinado a planejar e controlar sua morte. É um filme cujo tema central é a liberdade, a vida e a morte. Ao abordar questões polêmicas que se desenrolam no cotidiano dos hospitais, o filme tamém pode levantar reflexões pertinentes sobre a relação entre a equipe de enfermagem e o paciente.
 Ao ver esse filme, sugiro que você concentre sua atenção no modo como a equipe de saúde lida com paciente que não deseja ser cuidado. Reflita também sobre a importância dos cuidados psicológicos em saúde. Perceba como, aos poucos, através da fala, o paciente deixa de ser apenas mais um caso e vai ganhando nome, história, personalidade, motivações, ou seja, vai se tornando uma pessoa.
Na minha opinião, o filme mostra de uma meaneira sutil, o quanto, na medida em que somos capazes de abrir um canal de comunicação, o "encontro humano" se faz. Ou seja, na medida em que o paciente se sente ouvido e aceito, ele acaba por deixar vir a tona a sua subjetividade, fazendo emergir junto com ela, a possibilidade de abertura para a mudança de decisão quanto suas motivações suicídas. Reflita também sobre a importancia da vinculação afetiva na relação entre os profissionais de saúde e os paciente para conferir sentido e valoro à sua vida.
Esse filme carece de resenha. Seja o primeiro a escrever, valendo 10 pontos de OAT's. Ficha técnica: Direção e Roteiro Debora Diniz.