sábado, 29 de setembro de 2012

Comentários Sobre a Situação X - por: Lílian Lúcia, Priscila Helena e Jéssica


A história da jovem aborda questões polêmicas, pois a Dra. Maria percebeu que as pessoas ao redor estavam totalmente assustadas e pretendia, acalmar e informar que se tratava de uma doença e não de possessão espiritual como acreditavam pela sua cultura religiosa.
Primeiramente, devemos salientar que, em termos científicos, a epilepsia é explicada  como uma doença originada por descargas elétricas cerebrais desordenadas que causam contrações musculares involuntárias, dentre outros sintomas. Mas, a despeito dessa explicação, muitas vezes, mesmo quando se busca através de exames uma justificativa para tal descontrole, seja através de ressonância magnética de crânio, exames de ordem metabólica ou através da genética, não somos capazes de encontrar as suas verdadeiras causas.  Sabemos hoje que há vários tipos de epilepsia, dentre elas, a chamada epilepsia idiopática, que ocorre quando não é identificada nenhuma causa aparente que a justifique. Em outras palavras: a ciência nem sempre explica a origem das desordens cerebrais que acreditamos estarem relacionada ao p´roblema em questão. 
 Datam de 3000 anos AC os relatos mais antigos da epilepsia. As culturas antigas acreditavam que esse mal tinha uma origem espiritual e, até hoje, essa representação ainda perdura. O cérebro é tão complexo que ainda há muito que se explicar.
            Na bíblia há uma passagem em Lucas cap.09, versículo 37-45, que fala de um pai que procurou Jesus para curar seu filho e disse: ‘‘Mestre peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado.’’. Tal passagem evidencia que data de muitos séculos a ideia de que a epilepsia e a loucura têm origem espiritual. Há séculos, as pessoas olham o paciente epilético e o paciente psiquiátrico sem se atentar para a pessoa doente, observam apenas as manifestações de seu problema. Avaliam a doença e ignoram o doente, reduzem seu olhar apenas ao "apresentável" . Essa atitude e a falta de informação condenam o epilético a muito sofrimento.
Além disso, também há muita discriminação, pois muitos acreditam que a eplepsia e a loucura sejam doenças contagiosas. Muitos percebem o epilético como pessoas incapazes, muitos os diminuem, pois, nem sempre eles são capazes de responder como a sociedade impõe. Pior doença é a falta de conhecimento sobre a doença.
A realidade vivida dentro do hospital reflete aquela que é vivida nas ruas, na sociedade. Estamos habituados a o olhar só para a manifestação da doença e para a condição de doente do indivíduo portador de epilepsia e trantornos mentais. É nesse momento que vemos a importância de tentar melhorar esse triste fato, explicando que são pessoas como qualquer outra e que qualquer um pode apresentar uma doença, seja epilepsia, doença de ordem psicológica, psiquiátrica, etc. Temos a obrigação de ver a outra pessoa como se estivesse nos olhando no espelho.
Freud, o fundador da psicanálise, ainda era neurologista quando começou a perceber através de uma experiência vivida tratando uma paciente com histeria que a subjetividade era imprescindível.  Que os pacientes neuróticos possuíam outras necessidades. Freud mudou os seus conceitos e consequentemente os seus métodos. Ele simplemente propunha uma visão do outro como um todo de maneira holística, dando atenção de uma maneira mais profunda que a abordagem médica da epoca estava acostumada.
Independente do que pensa cada um, do que sua cultura relata, seus ideais, devemos respeitar, mas isso não quer dizer que devemos deixar de orientar de maneira adequada. Em relação à situação dos internos que acompanharam o transtorno da jovem, como integrantes da saúde, enfermeiros, temos a obrigação de intervir tomando algumas atitudes.
Na minha prática pessoal da enfermagem, passei por uma triste experiência, quando uma mãe me pediu para orientá-la sober um "local" onde ela pudesse deixar seu filho de quinze anos, portador de epilepsia e transtornos psiquiátricos.Ela alegou que quando entrava em crise, dava muito trabalho. Não aguentei, precisei voltar e lembrar-lhe que quando ele chorava, ele  pedia para ela ficar perto dele; que ela era a segurança dele, que, se ela o abandonasse, era importante ela pensar em como ele viveria. Daí, ela parou e ficou refletindo olhando para o alto, então eu disse: Mãe esse é o seu filho e é o seu cuidado, o seu amor que vai mudar a condição dele!
Em resumo, seja qual for a condição do paciente, ele deve ser visto como pessoa, não como a doença. Como enfermeiros, devemos e podemos entrar em contato com o que ele sente, saber quais seus medos, suas frustrações, seus sentimentos, o que espera. Muitas vezes, poucos minutos de atenção pode levar a uma melhora tão significativa, que é reduzida medicação, tempo de internação hospitalar, e aumenta o bem estar geral de todos.  Tudo isso significa ver o outro como outro, de maneira verdadeiramente humana, amor ao outro, enfim,m o cuidado com o outro de maneira holística.

Sugestão Cinematográfica: Freud Além da Alma




         Freud (Freud, Além da alma, no Brasil) é um filme norte-americano de 1962 dirigido por John Huston, com trilha sonora de Jerry Goldsmith e roteiro do célebre filósofo francês Jean-Paul Sartre. Trata-se da biografia romanceada do pai da psicanálise, mostrando seus casos mais célebres e seu envolvimento com os pacientes. Ao narrar a história da elaboração da teoria psicanalítica, procura explicar aspectos da nossa constituição psíquica. O filme reconstrói a vivência e as descobertas de seu criador, Sigmund Freud, em Paris e na cidade de Viena, entre os anos de 1885 e 1890 - os anos de suas descobertas mais importantes.
     Sugiro que todos vejam esse filme antes da próxima aula (04/10), pois ele ilustra o nascimento da psicanálise e sua influência para a visão que hoje temos do homem de um modo geral. Debateremos sobre a importância da teoria psicanalítica na cultura,  o nascimento da noção do homem enquanto um sujeito do inconsciente e, e em especial, debateremos sobre a importância da psicanálise para a leitura dos fenômenos psicológicos no contexto do hospital. 

Esse filme carece de RESENHA. Você pode fazer uma resenha individual ou em grupo ( de até 3 pessoas) para colaborar com o blog da turma, enriquecer a leitura do filme contribuindo om suas reflexões e ganhar pontos de OAT's. 
As resenhas serão lidas e postadas no blog assim que forem revistas. 

Um abraço e boa sessão de cinema!   

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sugestão Cinematográfica: Laranja Mecânica

Resenha do Filme Laranja Mecânica (por Mireille Pereira dos Passos - Terceiro período Not.)


     O filme Laranja Mecânica narra a história de Alexander DeLarge (Malcolm McDowell), um jovem delinquente e antissocial, que ama a violência e a música clássica - especialmente Beethoven. Ela se passa na Inglaterra, num futuro próximo, numa data não bem determinada, onde Alex é o líder de uma gangue que comete crimes perversos por diversão. Ele e sua turma passam o seus dias usando drogas, enfrentando outras gangues, roubando casas, cometendo estupros, batendo em mendigos sem qualquer razão aparente.
Em uma de suas ações, durante um assalto violento, Alex é preso em flagrante e é sentenciado a 14 anos de prisão. Porém, na cadeia, pouco tempo depois de começar a cumprir sua sentença, ele descobre que há um novo método, ainda em teste, para eliminar intenções criminosas e sentimentos ruins de pessoas violentas como ele.  Em teses, esse tratamento o tornaria criminosos irrecuperáveis como Alex incapazes de qualquer ato de violência, mesmo que em defesa própria. Alex então se vê atraído pela proposta de ser libertado antes do cumprimento total de sua pena. Ela terá, como única condição, o dever de se submeter a essa terapia experimental, desenvolvida pelo governo que deseja controlar o comportamento de seus cidadãos. Alex se candidata a ser cobaia desta nova experiência e, assim, começa sua jornada psicológica.
Começaram as sessões de “tratamento”: Alex é então forçado, durante dias e dias seguidos, a ver de modo torturante infindáveis cenas reais de violência. Ele não pode desviar o olhar, seus olhos são mantidos abertos por um equipamento enquanto um médico coloca colírio em seus olhos e lhe aplica um remédio que lhe faz sentir enjoos e pavor. Alex se contorce de dor e vomita durante as sessões, enquanto visualiza cenas de violência sem poder desviar seu olhar. O objetivo deste tratamento é o de extinguir, a partir da exposição forçada à estímulos aversivos, todos os comportamentos agressivos do rapaz. Busca-se condicionar o rapaz como um rato de laboratório. Em resumo: Alex foi “condicionado”, passando a associar o trauma do experimento às imagens da violência a que fora exposto.
Encerrado o torturante tratamento, Alex, diagnosticado como “curado de seu amor pela violência” sendo solto novamente às ruas. Os jornais de todo o país noticiaram o sucesso de seu tratamento. Entretanto, depois de conquistar sua tão sonhada liberdade, Alex não custou a perceber que a sociedade não estava pronta para receber um “assassino curado” de volta às ruas. 
Em minha opinião, algumas das principais questões que o filme levanta são: 1) A sociedade é capaz de perdoar criminosos e aceitá-los de volta ao convívio? 2) Ao repreender de um modo tão violento um assassino que cumpriu sua pena, não estará a sociedade se tornando tão violenta quanto o criminoso? 3) Se o governo for capaz de criar, com base em experimentos psicológicos,  uma forma eficaz de reeducar assassinos, estupradores, bandidos e criminosos em geral, será que seríamos capazes de aceitá-los de volta? 4) Temos o direito de submeter seres-humanos à métodos experimentais de alteração de comportamento?
Entendo que a crença de que existe justiça em infringir sofrimento a um criminoso - achando que esse sofrimento trará satisfação à sociedade ou às vítimas, ou que corrigirá os seus erros - não é um caminho válido. Acredito na ideia do perdão. O perdão para mim, pressupõe a atitude de “não vingança”. A atitude de não retribuir o mal cometido é necessária para que o perdão seja visto como a possibilidade de um novo começo, de um novo caminho a ser traçado para além do erro/falha cometido. O perdão verdadeiro é um pressuposto para que a pessoa se sinta digna diante de Deus, pois o amor de Deus é maior do que seu erro. Por pior que seja a atitude que tenha tido, Deus ainda o ama, porque ele é Seu filho. E isso não vai mudar!
Então, é preciso acolher um criminoso com toda a bondade, delicadeza, mas com firmeza. A bondade não significa nunca frouxidão, mas a firmeza e crença na dignidade humana. Ninguém deveria perder o direito a ser tratado com dignidade  porque cometeu um erro. Toda pessoa deve continuar a ser tratada com a dignidade que sua condição de ser humano requer.
Muitas vezes, na nossa sociedade, os que erram, são considerados “bodes expiatórios”, são tratados com toda a crueldade. É como se o erro de alguém justificasse a tortura, a ‘justiça com as próprias mãos’, a pena de morte. É importante lembrar, que vivemos em uma sociedade desigual, em que um senador que comete algum crime tem foro privilegiado enquanto um morador de rua, que quebra, danifica, ou roubar alguma coisa para comer é considerado um criminoso e todos acham que podem queimá-lo, matá-lo, enfim, destruí-lo.
Acredito que é preciso manter a dignidade humana, pois as pessoas precisam acreditar que são capazes de superar os seus erros, porque Deus nos ama, esse amor sempre é maior. É importante, por isso, aprender a tratar os erros e os crimes alheios, não de uma maneira mórbida e cruel, mas de modo construir formas novas de viver. Formas que ofereçam ao criminoso uma possibilidade de não repetir os seus erros.
Enfim, Laranja Mecânica é um filme brilhante, que vale a pena ser visto. Devemos refletir sobre os temas abordados. Sem falar que a atuação de Malcolm McDowell é perfeita. Não poderia deixar de citar que a linguagem esquisita que Alex e sua turma usam no filme, foi criada por Anthony Burgess, o autor do romance que deu origem ao filme, e é uma mistura de inglês, russo e gírias. O filme é originalidade do início ao fim, em todos os detalhes. 

sábado, 22 de setembro de 2012

Aula II - os Grandes Sistemas Teóricos em Psicologia: Comportamentalismo/Psicanálise/Humanismo/Psicologia Social

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Aviso: Na próxima quinta feira 13 de Set., o tema da segunda aula será: “Psicologias”: diversos olhares sobre a subjetividade. Nesta aula, abordaremos as principais linhas teóricas da Psicologia:
a Psicanálise, o  Humanismo,o Behaviorismo/Cognitivismo, e a Psicologia Social.
Sugiro que se preparem para a aula assistindo ao documentário "A Invenção da Psicanalise" acessível em suas 12 partes no Link:

http://www.youtube.com/results?search_query=a+inven%C3%A7%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise&oq=a+inven%C3%A7%C3%A3o+da+psican%C3%A1lise&gs_l=youtube.3...1765.7434.0.8556.26.20.1.0.0.3.465.3483.8j4j4j3j1.20.0...0.0...1ac.1.0NobgVKjH88


  Bons estudos!

Sugestão de atividades: Situações

     Os textos "Situações" ilustram a importância da Psicologia no contexto dos hospitais. TODAS elas foram baseadas acontecimentos REAIS e exemplificam desafios que fazem parte da ROTINA diária de profissionais de saúde. Muito provavelmente, como enfermeiro, você também vivenciará situações parecidas. Como sugestão de atividade (OAts), proponho que você leia atentamente cada uma das 11 situações abaixo, depois, escolha UMA OU MAIS SITUAÇÕES  e escreva um texto baseado nas suas reflexões. Textos de duas laudas valem 5 pontos de OAts e textos menores valem 2,5 pontos.

Envie o seu texto para psicologiadaenfermagem@gmail.com que ele irá ser postados para apreciação de todos na turma.

OBS.: É necessário que seu texto esteja em fonte 12 e espaçam. 1,5.
                           Bom Trabalho!

Situações X e XI

Situação 10 - A Dr. Maria é a neurologista de um hospital de referência no tratamento de epilepsia e outras doenças neurológicas do norte do país. Um dia sua enfermaria recebeu uma jovem de 16 anos vinda do interior com uma rara doença degenerativa do SNC. A jovem apresentava convulsões e comportamentos agressivos: Ela falava e ria alto, gritava palavrões e fazia gestos obscenos. A equipe teve que amarrá-la na cama para que ela não se machucasse ou agredisse alguém. Em pouco tempo, o comportamento dessa jovem começou a chamar atenção dos outros internos. Alguns pacientes começaram a fazer comentários sugerindo que a jovem não estava doente, mas era um caso de possessão espiritual. Que ela precisava ser exorcizada. A Dr. Maria entendeu aquela confusão como uma questão cultural típica da religião. O povo simples acreditava que problemas como epilepsia eram de fundo espiritual. Ela se perguntou se tinha como intervir no sentido de informar e tranquilizar as pessoas que, àquela altura, já estava totalmente assustadas.
Situação 11 – Aline (22 anos) é estagiária de fisioterapia, atende nas diversas clínicas de um grande hospital público e está prestes a concluir seu curso, tendo que encerrar seus afazeres neste hospital em uma semana. áHhh Há três meses, Aline começou a atender Julio, um jovem de 19 anos do interior, que nascera com uma má-formação na coluna e viera até a capital para realizar uma série de cirurgias de correção. Neste período, Aline e Julio criaram uma grande amizade. A supervisora dela passou a chamar atenção para o modo como ela estava se “apegando demais” a este paciente. Por várias vezes, diante de suas colegas de estágio, Aline fora aconselhada pela supervisora a observar a patente “preferência” que ela nutria por este paciente. Ela o visitava com mais frequência que o necessário, mais de uma vez chegara atrasada à supervisão por estar de bate-papo com Júlio, e, relatou em supervisão que numa conversa durante uma sessão, ambos trocaram telefones para manterem-se em contato após o termino do seu estágio. Agora, faltando uma semana para o final do estagio, Aline vem sentindo uma espécie de angústia e “aperto no peito” quando pensa em Julio. Aline reflete sobre as palavras de sua supervisora e se pergunta o que sente por ele. E seu eu estiver apaixonada, o que faço com esse sentimento? Ele deve ou não ser cultivado?   

Situações VII,VIII, IX

Situação 7 – O auxiliar de enfermagem Antônio trabalha na enfermaria cirúrgica de um grande hospital publico. Ao voltar de suas férias, Antônio fica sabendo que um caso do hospital virou notícia e está circulando na mídia nacional. Trata-se de uma menina de 15 anos que, após ser atropelada e perder sangue, precisa receber uma transfusão urgente de sangue para sobreviver. A questão é que por motivos religiosos os pais da menina não permitem a transfusão. O hospital já mobilizou sua equipe de psicólogos para tratar do assunto com a família, mas mesmo assim, os pais e a própria menina mantiveram-se irredutíveis, não aceitando o procedimento. Segundo a religião deles, receber uma transfusão de sangue é um pecado mortal, uma séria ofensa a Deus que condena para sempre a alma de quem se submete a este procedimento. Esse caso ganhou repercussão nacional e levantou debates da sociedade que debate se os médicos devem intervir ou não, e se sé direito obrigar alguém a receber uma transfusão de sangue contra a própria vontade, mesmo num caso de vida ou morte. A verdade é que os médicos afirmam que se a menina não receber o sangue ela morre. A própria paciente acredita que se receber a transfusão não terá o perdão de Deus, nem irá para o céu. Um belo dia Antônio, toma um ônibus como sempre faz a caminho de casa. Ele encontra um antigo amigo de escola e puxa coversa. De repente, Antônio percebe que seu antigo colega é o pai da menina em questão e para sua surpresa, ele se dá conta que ambos são vizinhos. Antônio então tem a oportunidade de conversar com seu um velho amigo e pensa em convencê-lo a aceitar a transfusão. Antônio para e reflete sobre o que e como falar de modo a intervir.
 Situação 8 – Flavio, Psicólogo responsável pelo setor de Psicologia de um Hospital no Amazonas é chamado à Clínica Ortopédica. As enfermeiras e os médicos estão tendo problemas com um paciente e sua mãe. Ambos são índios Yanomamis que vieram do interior do Amazonas e não falam português. Após uma queda o jovem indigena teve uma lesão na coluna precisando ficar totalmente imóvel no leito com a cabeça presa a uma tração mecânica durante um período de 30 dias ou mais. A questão, é que tanto mãe quanto filho têm comportamentos considerados estranhos pela equipe e pelos outros pacientes. A mãe reage com irritação aos procedimentos médicos e se recusa a deixar o filho sozinho, dormindo todas as noites literalmente no chão ao lado do seu leito. Nem ela nem o filho aceitam a comida do hospital e insistem em ascender cigarro de palha na enfermaria, mesmo sobre protestos. Dois dias depois que a tração foi posta, num esforço de liberar o seu filho do leito, a mãe roubara a tesoura de uma enfermeira e tentara cortar os cabos que o prendiam ao leito. Ela foi impedida por dois enfermeiros antes de causar um grande dano ao próprio filho. O psicólogo Flávio acredita que a equipe precisa ganhar a confiança de ambos para que eles entendam a necessidade da internação e aceitem as regras do local. O problema, Flavio pensa, é que eles não falam a mesma língua nem entendem e seria muito difícil explicar-lhes a razão de se submeterem aos procedimentos terapêuticos indicados.
Situação 9 - O enfermeiro Cesar da Clinica ortopédica de um grande Hospital fez amizade com seu Juca, um pedreiro que, após a queda de um andaime, ficara tetraplégico. Juca parecia aceitar bem a sua condição e já estava a alguns meses esperando a liberação de sua cirurgia que nunca saia. César cuidava de Juca todos os dias. Ambos falavam de futebol e viam novelas juntos. Um dia, cinco meses após a internação, César percebeu que Juca estava um pouco mais triste que de costume. Ele perguntou ao amigo o que havia acontecido e Juca desconversou. César insistiu e Juca pediu segredo. Juca então lhe confidenciou constrangido que sua esposa teve uma longa conversa com ele no dia anterior na qual revelou muita preocupação com o futuro da vida sexual do casal. Como se tornara paraplégico e não sentia nada da cintura pra baixo, Juca perguntou a César se um dia ele voltaria ter vida sexual, sentir e dar prazer a sua esposa. Juca temia que ela o abandonasse. César não soube o que responder, mas entendeu a preocupação do amigo.

Situações IV, V e VI

Situação 4 - O psicólogo hospitalar Roberto foi solicitado a atender uma demanda urgente vinda do setor de urologia de um grande hospital público. Ao questionar por telefone do que se tratava a urgência em questão, o médico solicitante, o Dr. Plínio, informou a Roberto que estava com dificuldades de dar um determinado diagnóstico ao seu paciente. Tratava-se de um caso sério de câncer na região peniana. Segundo Dr. Plínio, o paciente, um senhor casado de meia idade, deveria ser informado da necessidade de submeter a uma amputação peniana total o mais breve possível. Roberto desligou o telefone e foi ao caminhando rapidamente ao encontro do Dr. Plínio e seu paciente. No Caminho até a enfermaria, Roberto sentiu um fio na barriga e congelou por um instante. Naquele momento Roberto se deu conta de que não sabia o que fazer para ajudar. Nunca na sua vida Roberto havia imaginado o que sentiria se vivesse uma situação dessas.
Situação 5 - Zélia trabalhava há doze anos na Ortopedia de um hospital público. Ao chegar para mais um dia normal de trabalho, percebeu um alvoroço incomum logo na entrada. Um clima geral de revolta entre os pacientes e os integrantes de sua equipe. Algo muito ruim acabara de acontecer. Ela foi então informada que, Denis um paciente paraplégico recém-transferido, acabara de cuspir no rosto de uma das auxiliares de enfermagem que lhe dava banho. Poucos dias antes, Denis caíra do telhado de sua casa lesando irreversivelmente sua medula cervical e por isso estava internado. Ao longo da semana, Zélia observou o novo, e agora indesejado, paciente. Denis era um dos casos mais problemático que ela já havia acompanhado: um dia ele ameaçou chamar a mídia e polícia para denunciar os “maus tratos” que achava que estava naquele hospital, no dia seguinte, expulsou o estagiário de fisioterapia. Quando não se negava a comer, cuspia nas enfermeiras, discutia e ofendia os outros pacientes. Tamanha foi a confusão, que o setor de psicologia foi mobilizado e um psicólogo passou a visitar Denis  duas vezes por semana. Para a surpresa de todos, mesmo sem tomar remédios psiquiátricos, depois da segunda visita, o comportamento de Denis mudou radicalmente. Ele parou de ameaçar as pessoas e um dia pediu desculpas à moça em quem havia cuspido. Em pouco tempo, Denis passou a cooperar com os enfermeiros e fisioterapeutas. Passado dois meses Zélia e Denis se tornaram amigos. Quando voltou para casa, ele enviou flores para todas as pessoas da enfermagem que trataram dele pelos 8 meses de recuperação. Denis nunca mais voltou a andar, mas na ultima carta que mandou para equipe ele afirmou ter se tornado uma pessoa mais feliz do que era antes do acidente.
Situação 6 - Iraci trabalha há 30 anos num hospital público é enfermeira chefe de uma equipe grande na clinica cirúrgica. Um dia, batem na sua sala duas enfermeiras recém-formadas: Célia e Marta. As duas estão evidentemente num conflito e muito desgastadas. Marta parece irritada e acusa Célia de negligenciar os cuidados de uma paciente que está no isolamento, o que Célia nega veementemente. A paciente, senhora Carmem, foi internada em função de uma grave infecção por uma bactéria agressiva e necrosante. Num período curto de tempo a bactéria se espalhou comprometendo parte considerável de uma de suas pernas. Sua infecção gera um terrível mau-cheiro que é sentido até ao longo do corredor da área de isolamento. Os médicos avaliam amputação. Marta afirma para a enfermeira Iraci que Célia não faz as visitas de rotina como deveria. Afirma que quando Célia vai ao isolamento ver a senhora Carmem, nunca fica mais que poucos minutos. Os familiares da paciente confirmam essa versão. Iraci pede para conversar a sós com Célia e, quando Marta sai da sala, ela pergunta a Célia o que está acontecendo. Célia então desaba a chorar, e diz que não quer mais trabalhar naquela enfermaria e que acha que nunca será uma boa enfermeira. Ao ouvir um pouco mais a história, Iraci percebe que Célia não consegue lidar com o sofrimento da paciente, com o medo de ser infectada, nem tampouco, com o odor aversivo da sala. Iraci se pergunta o que deve fazer para apaziguar o conflito entre as novas enfermeiras e se deve recriminar o comportamento de Célia.

Situações I, II e III

Situação 1 - O enfermeiro João prestava serviços na unidade de politrauma do Pronto Socorro de movimentado de um hospital público. Era quase meia noite e João, que tivera um dia pesado, já estava muito cansado. De repente, a unidade móvel chegou trazendo um jovem de 22 anos (Carlos) com muitos ferimentos e uma grave hemorragia. De longe, João ouviu os gritos de Carlos, ouviu-o dizendo que desejava morrer, que não queria que os médicos da unidade o salvassem - “Se vocês me salvarem, eu me jogarei de novo!”- Carlos gritava enquanto retirava à força a seringa com a sedação. Ao chegar mais perto para ajudar seus colegas João descobriu que Carlos acabara de tentar suicídio. Ele se jogara na frente de um carro em movimento. João ouviu a enfermeira Teresa comentando que esta já devia ser a quinta vez que Carlos aparecia naquela unidade em dois anos. Ela sabia apenas que Carlos era um estudante universitário e que ele passou a apresentar comportamentos suicidas depois da morte de sua mãe. Por um momento, João se percebeu sentindo muita raiva de Carlos, pois ele pensou que poderia estar usando o seu precioso tempo ajudando algum outro paciente que desejasse viver e que estivesse lutando pela vida. João sentiu vergonha de si mesmo por sentir raiva e refletiu se era normal pensar assim.
Situação 2 - Em função das férias da enfermeira responsável, a enfermeira Rosa assumiu o controle da enfermaria pediátrica de um hospital importante. Era uma tranquila manhã de domingo e tudo parecia estar sobre controle. Pelo meio da manhã, Rosa recebeu a notícia que uma das pacientes, Letícia, uma menina de 9 anos, que estava inconsciente há duas semanas, começara a dar sinais de que acordaria até o final do dia. Por ser nova naquela enfermaria, Rosa ainda sabia muito pouco sobre o caso de Letícia. Sabia apenas que ela entrara em coma depois que o carro onde estava capotou várias vezes num grave acidente na estrada. Rosa então decidiu ligar para a família de Letícia para dar a boa notícia. Para o seu estarrecimento, ela foi informada pela avó da menina que ambos os pais e o irmão mais novo da menina haviam perdido a vida no momento acidente. Letícia era a única sobrevivente de um acidente trágico. Rosa ficou petrificada e se perguntou como agiria quando Letícia acordasse. E quando ela perguntasse pelos seus pais? Rosa temeu pela saúde de Letícia, achando que a reação emocional da menina ao saber da perda dos pais podia ser muito prejudicial. Ela ponderou se devia ou não omitir esse fato para resguardar a saúde da menina.
Situação 3 - A enfermeira Mara trabalhava numa maternidade há 2 anos. Um das funções que Mara mais apreciava no seu trabalho era ajudar as mães e os pais inexperientes nos primeiros passos com o bebê. Mara também gostava de ensinar mães de primeira viagem a amamentar. Ela sentia que esse era um trabalho simples, mas muito importante. Num dia comum, Mara foi designada para acompanhar Elisa, uma jovem de 24, estudante de Direito, solteira, que dera à luz na noite anterior Fábio, um bebê saudável e nascido a termo. Ao chegar ao quarto, Mara percebeu que Fábio está chorando muito alto no “moisés” e que não havia, como era de se esperar, familiares ou acompanhantes lá dentro. Tudo está escuro e Mara fica impressionada ao perceber que Elisa também não está no seu leito como deveria estar. Mara ouviu um choro forte vindo do banheiro, abriu a porta e encontrou Elisa encolhida, sentada no chão do box. Mara perguntou se estava tudo bem e Elisa não respondeu, apenas chorou. Mara então tirou Eliza do box e tentou conversar, mas a moça se negou e continuou em chorando silêncio, olhando para o vazio, como se não houvesse ninguém ali com ela. Nas duas próximas semanas Eliza se negou a comer, a tomar banho e mesmo a amamentar, o lhe rendeu uma mastite aguda. O setor de psiquiatria foi acionado e Eliza foi para a internação psiquiátrica, onde ficou por algumas semanas. Depois dessa experiência marcante, Mara passou a se questionar porque, enquanto para muitas mulheres, o nascimento de um filho é um momento feliz, para outras pode representar um momento triste e difícil.
MODULO I – Psicologia no Contexto da Humanização: a dimensão subjetiva do Cuidado


Referêncas Bibliográficas:
Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença  - Alfredo Simonetti
Saber Cuidar Ética Do Humano-compaixão Pela Terra - Leonardo Boff
 Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia  - Ana Maria Bahia Bock/
Texto sobre Psicologia Hospitalar -  Wandeley Angeramin-camon
O cuidado emocional em Saúde- Ana Cristina de Sá
Picologia para Enfermagem - Jakob Anthikad (disponível na biblioteca do ICESP)
                 Outros

06 de Set.
Aula I – A Psicologia no Contexto do Hospital e da Prática Clínica
a) A ética do cuidado
b) O enfermeiro como um cuidador.
c) O enfrentamento de “situações-limite”.
d) O que é a Psicologia.
e) Subjetividade: o objeto de estudos da Psicologia.
f) A importância de uma leitura das “dinâmicas subjetivas” no cotidiano do hospital.
Material de Apoio:
Texto: 11 Situações

13 de Set.
Aula II – “Psicologias”: diversos olhares sobre a subjetividade
a) Psicanálise
b) Humanismo
c) Behaviorismo/Cognitivismo
d) Psicologia Social
Filmografia sugerida:
Psicanálise: A Invenção da Psicanálise (Elizabeth Rudinesco) / Freud Além da Alma.
Humanismo: Gênio Indomável/ Path Adams: o amor é contagioso
Behaviorismo: Laranja Mecânica
Psicologia Social: Ladrões de Bicicleta -  Luccino Visconti
Os Incompreendidos -  Françoise Trufaut
Os esquecidos – Luiz Buñuel

20 de Set.
Aula III – A escuta enquanto forma privilegiada de cuidado com a subjetividade
a) Saber ouvir: o caminho da empatia
b) O espaço intersubjetivo
c) Subjetividade e alteridade
d) Escuta e Humanização (inclinare)
Filmografia sugerida: Solitário Anônimo/Os últimos Passos de um Homem

27 de Set.
Aula IV – Verificação de Aprendizagem I
Temas a serem cobrados na avaliação:
-A importância da escuta clínica e da observação dos fenômenos psicológicos no contexto da saúde humanizada.
-O Cuidado como “essência do humano” e do “profissional de saúde”.
-O conceito de subjetividade e sua relevância na pratica clinica.
-A diversidade de olhares sobre a psicologia: Psicanálise; Humanismo;
-Behaviorismo/Cognitivismo; Psicologia Social
-O valor da escuta na relação enfermeiro paciente.

Aula dia 6 de set. 3° período Not.

sábado, 8 de setembro de 2012

  Olá a todos!


  Sejam Bem-vindos!


 Sou o Professor Artur Mamed! =)



 Esse é o blog da disciplina Psicologia Aplicada à Enfermagem que é ministrada para as turmas matutina e noturna de terceiro período do curso de Enfermagem da faculdade ICESP - Águas Claras. São vários os objetivos desse blog, dentre os quais podemos destacar: 



1) Criar um canal eficiente de comunicação professor/aluno.



2)  Disponibilizar, de modo rápido e sem custos, textos complementares, filmes e artigos científico de qualidade para enriquecer o aproveitamento dos estudos.



3) Criar um registro permanente e acessível das atividades desenvolvidas em sala de aula. Um registro que permanecerá disponível aos alunos mesmo depois de terminado o curso passível de ser acessado por qualquer pessoa que possua acesso a internet



4) Favorecer a interação e a construção participativa de conhecimento e reflexão entre os alunos das diversas turmas.



5) Incentivar a produção e divulgação de conhecimento, na medida em que os textos estarão disponíveis na net para inúmeras pessoas interessadas nas matérias relacionadas. Desejamos que o material aqui postado possa servir como um "ensaio"para futura produções científicas.




      Em síntese, neste blog serão postados aulas, avisos, trabalhos, textos, resenhas, filmes, imagens, links de teses dissertações e artigos relacionados ao conteúdo da disciplina. Assim o aluno se mantêm informado e contribui para a construção coletiva de conhecimento sobre as interações entre a Psicologia e a Enfermagem.

     Para colaborar, basta fazendo comentários (que estão abertos a todos) ou enviar seus textos, videos, link, imagens, trabalhos e sugestões para: 


psicologiadaenfermagem@gmail.com   




Assim que recebermos seu material, ele será analisado e faremos a postagem.



Faça bom proveito, pois o espaço é seu!



Apreciaremos muito as suas contribuições

                                                 
                                                         Atenciosamente: Artur!