sábado, 29 de setembro de 2012

Comentários Sobre a Situação X - por: Lílian Lúcia, Priscila Helena e Jéssica


A história da jovem aborda questões polêmicas, pois a Dra. Maria percebeu que as pessoas ao redor estavam totalmente assustadas e pretendia, acalmar e informar que se tratava de uma doença e não de possessão espiritual como acreditavam pela sua cultura religiosa.
Primeiramente, devemos salientar que, em termos científicos, a epilepsia é explicada  como uma doença originada por descargas elétricas cerebrais desordenadas que causam contrações musculares involuntárias, dentre outros sintomas. Mas, a despeito dessa explicação, muitas vezes, mesmo quando se busca através de exames uma justificativa para tal descontrole, seja através de ressonância magnética de crânio, exames de ordem metabólica ou através da genética, não somos capazes de encontrar as suas verdadeiras causas.  Sabemos hoje que há vários tipos de epilepsia, dentre elas, a chamada epilepsia idiopática, que ocorre quando não é identificada nenhuma causa aparente que a justifique. Em outras palavras: a ciência nem sempre explica a origem das desordens cerebrais que acreditamos estarem relacionada ao p´roblema em questão. 
 Datam de 3000 anos AC os relatos mais antigos da epilepsia. As culturas antigas acreditavam que esse mal tinha uma origem espiritual e, até hoje, essa representação ainda perdura. O cérebro é tão complexo que ainda há muito que se explicar.
            Na bíblia há uma passagem em Lucas cap.09, versículo 37-45, que fala de um pai que procurou Jesus para curar seu filho e disse: ‘‘Mestre peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho. Eis que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado.’’. Tal passagem evidencia que data de muitos séculos a ideia de que a epilepsia e a loucura têm origem espiritual. Há séculos, as pessoas olham o paciente epilético e o paciente psiquiátrico sem se atentar para a pessoa doente, observam apenas as manifestações de seu problema. Avaliam a doença e ignoram o doente, reduzem seu olhar apenas ao "apresentável" . Essa atitude e a falta de informação condenam o epilético a muito sofrimento.
Além disso, também há muita discriminação, pois muitos acreditam que a eplepsia e a loucura sejam doenças contagiosas. Muitos percebem o epilético como pessoas incapazes, muitos os diminuem, pois, nem sempre eles são capazes de responder como a sociedade impõe. Pior doença é a falta de conhecimento sobre a doença.
A realidade vivida dentro do hospital reflete aquela que é vivida nas ruas, na sociedade. Estamos habituados a o olhar só para a manifestação da doença e para a condição de doente do indivíduo portador de epilepsia e trantornos mentais. É nesse momento que vemos a importância de tentar melhorar esse triste fato, explicando que são pessoas como qualquer outra e que qualquer um pode apresentar uma doença, seja epilepsia, doença de ordem psicológica, psiquiátrica, etc. Temos a obrigação de ver a outra pessoa como se estivesse nos olhando no espelho.
Freud, o fundador da psicanálise, ainda era neurologista quando começou a perceber através de uma experiência vivida tratando uma paciente com histeria que a subjetividade era imprescindível.  Que os pacientes neuróticos possuíam outras necessidades. Freud mudou os seus conceitos e consequentemente os seus métodos. Ele simplemente propunha uma visão do outro como um todo de maneira holística, dando atenção de uma maneira mais profunda que a abordagem médica da epoca estava acostumada.
Independente do que pensa cada um, do que sua cultura relata, seus ideais, devemos respeitar, mas isso não quer dizer que devemos deixar de orientar de maneira adequada. Em relação à situação dos internos que acompanharam o transtorno da jovem, como integrantes da saúde, enfermeiros, temos a obrigação de intervir tomando algumas atitudes.
Na minha prática pessoal da enfermagem, passei por uma triste experiência, quando uma mãe me pediu para orientá-la sober um "local" onde ela pudesse deixar seu filho de quinze anos, portador de epilepsia e transtornos psiquiátricos.Ela alegou que quando entrava em crise, dava muito trabalho. Não aguentei, precisei voltar e lembrar-lhe que quando ele chorava, ele  pedia para ela ficar perto dele; que ela era a segurança dele, que, se ela o abandonasse, era importante ela pensar em como ele viveria. Daí, ela parou e ficou refletindo olhando para o alto, então eu disse: Mãe esse é o seu filho e é o seu cuidado, o seu amor que vai mudar a condição dele!
Em resumo, seja qual for a condição do paciente, ele deve ser visto como pessoa, não como a doença. Como enfermeiros, devemos e podemos entrar em contato com o que ele sente, saber quais seus medos, suas frustrações, seus sentimentos, o que espera. Muitas vezes, poucos minutos de atenção pode levar a uma melhora tão significativa, que é reduzida medicação, tempo de internação hospitalar, e aumenta o bem estar geral de todos.  Tudo isso significa ver o outro como outro, de maneira verdadeiramente humana, amor ao outro, enfim,m o cuidado com o outro de maneira holística.

Nenhum comentário:

Postar um comentário