O diretor Stanley
Kubrick retrata um mundo futurista, onde uma gangue aterroriza a sociedade, com
vandalismo, brigas com outras gangues, estupro e outros crimes.O líder da
gangue (Alex) é preso, e através de um programa de condicionamento, volta às
ruas modificado. Quando pensa ou tenta algum ato violento, o seu organismo
reage com crises de pânico, vômito, tontura. Esse condicionamento foi realizado
através de sugestões visuais, onde ele assistia a cenas de violência sem sequer
poder piscar os olhos, que se mantinham abertos à força, sendo molhados com
colírio.Em seu retorno à sociedade, ele encontra todas as suas vítimas, que se
vingam dele, que não consegue reagir por causa do seu condicionamento. É
espancado por um de seus ex-colegas que se tornou policial e, em seu caminho,
cruza com um senhor que ficou paralítico e que teve a esposa estuprada e morta
ao serem agredidos por ele. Esse senhor o reconhece somente quando ele está na
banheira e canta uma música, a mesma que ele cantou quando o estava agredindo.
Como as outras vítimas, vinga-se, mandando um emprega do agredi-lo. Depois de
passar por todos os percalços, Alex volta ao seu estado normal através de uma
cirurgia no cérebro, pelas mãos de um congressista que quer utilizá-lo como
vítima do sistema para sua campanha eleitoral. Tem então, “lindas visões”,
recheadas de violência e morte.
O que o filme
transmite é a incapacidade do Estado de compreender os criminosos, no caso, as
gangues de adolescentes que, por puro prazer, destroem, roubam, estupram e
matam. O maior exemplo dessa incompreensão é o fato de Alex, o adolescente
protagonista, cometer altos crimes e, simultaneamente, amar a música clássica
de Beethoven e ler a Bíblia. De fato, o Estado e talvez o próprio ser
humano, não compreendem a verdadeira natureza dos homens e sequer as
consequências das suas próprias decisões. Até mesmo nós estamos amarrados em
camisas de força, nossos olhos estão abertos sem possibilidade de fechar os
mesmos e ainda somos obrigados a fazer o que o sistema nos impõe. A cada dia
nosso direito de escolha, de contestação e nossa capacidade de despreendimento
e raciocínio crítico nos são tirados.A violência não será curada por lavagem
cerebral. Não adianta tranformar criminosos em "laranjas mecânicas",
como máquinas, tirando-lhes o direito de escolha. A técnica ('Ludovico') usada
no jovem Alex é a pura síntese do Totalitarismo e de como esse tipo de governo
não se importa com a liberdade de expressões e
ideias. O tratamento de usar imagens de ultraviolência para curar a violência
do indivíduo é totalmente contraditório, algo inadmissível para o personagem
principal, Alex. O Mal está em todos nós, inclusive naqueles que pretendem
acabar com ele.
No referido filme temos um excelente exemplo de como utilizar
certos conhecimentos da Psicologia para o exercício do controle social. O
controle do comportamento social é feito através da técnica Ludovico(recuperação
de prisioneiros que garante a liberdade imediata) que, com princípios
psicológicos behavioristas de condicionamento, introduz em Alex o mal-estar
físico ligado a qualquer comportamento violento. Como no conceito adotado pelo filósofo Skiner, adepto do
beharviorismo, Alex, personagem principal
do filme, vincula o seu sofrimento físico a atos de violência introduzidos
através do vídeo que ele assistiu exaustivamente, sem ao menos poder fechar os
olhos. Esse tipo de condicionamento, ou técnica beharviorista, relacionando um
efeito (seu mal-estar) a uma causa, violência, se faz presente,através da teoria comportamental ou seja seu
comportamento é moldado, com os propósitos de outros. Com isso, nota-se no
filme diferentes vertentes das possibilidades dos seres humanos, sobre seu
diferentes, comportamentos e estilos.
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