A
relação mãe e filho começam muito antes do nascimento, da primeira vez que a
mãe pega a criança no colo e amamenta. Essa interação vem desde o inicio,
quando a mãe descobre a gravidez. A partir dessa descoberta a mulher já inicia –
ou, pelo menos, deveria iniciar - a criação um laço materno. Ela sabe que a
partir daquele momento há uma responsabilidade tanto internamente, quanto
externamente, e que a criança irá precisar de muito amor, carinho e principalmente
cuidado.
Com
o nascimento, esses sentimentos tendem a de intensificar, a relação que antes
ocorria de forma mais indireta/abstrata, passa a ser vivenciada 24 horas por
dia. A família é a base da criança, onde, de um modo geral, ela adquire os primeiros
conhecimentos, valores éticos e morais, e o pai e mãe são os primeiros
educadores, professores, amigos e médicos.
De
certa forma, o filho vê os pais como um porto seguro, sendo, de um modo geral,
totalmente dependentes dos mesmos. Diante disso, podemos imaginar quando filhos
sofrem a perda dos pais ou vice versa. Perder alguém amada é como se uma parte
de você mesmo estivesse sendo arrancada a força, indo embora junto com a perda,
por algum tempo a pessoa fica sem chão, sem rumo, literalmente desorientada.
Uma
perda desta natureza foi o que ocorreu com Letícia, uma menina de 9 anos, que
após sofrer um acidente de carro, perdeu toda sua família que a acompanhava e
ainda entra em coma. Após duas semanas, Letícia acorda do coma, e o que era pra
ser um momento de comemoração, alegria, se torna um momento de tensão. Cabe à
enfermeira Rosa informar ou omitir da menina a morte dos pais e irmão.
Em
situações como essa, uma mistura de sentimentos toma conta do momento, a
insegurança da menina, luto, solidão, perda, o “psicológico”, entre outros
sentimentos de desamparo e todos esses aspectos acabam dificultando a decisão
da enfermeira, que tem que agir com cautela, pois, dependendo da postura
adotada por ela, pode ver piorar ainda mais a recuperação da menina.
Se
já é difícil lidar com criança quando ela vive fazendo perguntas, imagina agora,
em que ela ao mesmo tempo é tão pequena, tão frágil, e ainda assim tem que
adotar uma postura mais “adulta”. O fato, é que a decisão da enfermeira em
contar ou não para a menina é algo que passa
dos limites da racionalidade e invade o lado emocional. Não é fácil, nem
para quem irá receber a notícia e nem para quem irá dar a notícia. Nesse
momento todo cuidado é necessário, o momento de falar, modo de falar, são
imprescindíveis.
Apesar
de saber que as perguntas da menina serão frequentes até ela obter as devidas
respostas, o melhor a se fazer nesse caso é contatar um outro parente da
menina, nesse caso a avó, conversar sobre o caso, procurar saber mais sobre a
vida da menina, para poder saber quais as possíveis reações que ela poderá ter.
Também é importante escutar o que o parente acha da situação, respeitar as
vontades deste, mas, isso não quer dizer que estas vontades devam ser atendidas
prontamente: o foco e preocupação é a menina, então, acredito que juntos,
enfermeira e parente dever chegar a um consenso do que é melhor para a criança
no momento.
Enfim,
é importante lembrar que o momento mais difícil já passou que foi o acidente e
a menina ter conseguindo sair com vida. Esses dois fatores devem ser levados em
consideração na hora em que for falar com ela e, ao invés de dar a notícia de
uma forma que a criança se sinta mal depois, mostre a ela que “as coisas não são nem
boas nem ruins. Elas são o que são. Tudo depende da forma que a gente as
encara”...
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