segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Situações IV, V e VI

Situação 4 - O psicólogo hospitalar Roberto foi solicitado a atender uma demanda urgente vinda do setor de urologia de um grande hospital público. Ao questionar por telefone do que se tratava a urgência em questão, o médico solicitante, o Dr. Plínio, informou a Roberto que estava com dificuldades de dar um determinado diagnóstico ao seu paciente. Tratava-se de um caso sério de câncer na região peniana. Segundo Dr. Plínio, o paciente, um senhor casado de meia idade, deveria ser informado da necessidade de submeter a uma amputação peniana total o mais breve possível. Roberto desligou o telefone e foi ao caminhando rapidamente ao encontro do Dr. Plínio e seu paciente. No Caminho até a enfermaria, Roberto sentiu um fio na barriga e congelou por um instante. Naquele momento Roberto se deu conta de que não sabia o que fazer para ajudar. Nunca na sua vida Roberto havia imaginado o que sentiria se vivesse uma situação dessas.
Situação 5 - Zélia trabalhava há doze anos na Ortopedia de um hospital público. Ao chegar para mais um dia normal de trabalho, percebeu um alvoroço incomum logo na entrada. Um clima geral de revolta entre os pacientes e os integrantes de sua equipe. Algo muito ruim acabara de acontecer. Ela foi então informada que, Denis um paciente paraplégico recém-transferido, acabara de cuspir no rosto de uma das auxiliares de enfermagem que lhe dava banho. Poucos dias antes, Denis caíra do telhado de sua casa lesando irreversivelmente sua medula cervical e por isso estava internado. Ao longo da semana, Zélia observou o novo, e agora indesejado, paciente. Denis era um dos casos mais problemático que ela já havia acompanhado: um dia ele ameaçou chamar a mídia e polícia para denunciar os “maus tratos” que achava que estava naquele hospital, no dia seguinte, expulsou o estagiário de fisioterapia. Quando não se negava a comer, cuspia nas enfermeiras, discutia e ofendia os outros pacientes. Tamanha foi a confusão, que o setor de psicologia foi mobilizado e um psicólogo passou a visitar Denis  duas vezes por semana. Para a surpresa de todos, mesmo sem tomar remédios psiquiátricos, depois da segunda visita, o comportamento de Denis mudou radicalmente. Ele parou de ameaçar as pessoas e um dia pediu desculpas à moça em quem havia cuspido. Em pouco tempo, Denis passou a cooperar com os enfermeiros e fisioterapeutas. Passado dois meses Zélia e Denis se tornaram amigos. Quando voltou para casa, ele enviou flores para todas as pessoas da enfermagem que trataram dele pelos 8 meses de recuperação. Denis nunca mais voltou a andar, mas na ultima carta que mandou para equipe ele afirmou ter se tornado uma pessoa mais feliz do que era antes do acidente.
Situação 6 - Iraci trabalha há 30 anos num hospital público é enfermeira chefe de uma equipe grande na clinica cirúrgica. Um dia, batem na sua sala duas enfermeiras recém-formadas: Célia e Marta. As duas estão evidentemente num conflito e muito desgastadas. Marta parece irritada e acusa Célia de negligenciar os cuidados de uma paciente que está no isolamento, o que Célia nega veementemente. A paciente, senhora Carmem, foi internada em função de uma grave infecção por uma bactéria agressiva e necrosante. Num período curto de tempo a bactéria se espalhou comprometendo parte considerável de uma de suas pernas. Sua infecção gera um terrível mau-cheiro que é sentido até ao longo do corredor da área de isolamento. Os médicos avaliam amputação. Marta afirma para a enfermeira Iraci que Célia não faz as visitas de rotina como deveria. Afirma que quando Célia vai ao isolamento ver a senhora Carmem, nunca fica mais que poucos minutos. Os familiares da paciente confirmam essa versão. Iraci pede para conversar a sós com Célia e, quando Marta sai da sala, ela pergunta a Célia o que está acontecendo. Célia então desaba a chorar, e diz que não quer mais trabalhar naquela enfermaria e que acha que nunca será uma boa enfermeira. Ao ouvir um pouco mais a história, Iraci percebe que Célia não consegue lidar com o sofrimento da paciente, com o medo de ser infectada, nem tampouco, com o odor aversivo da sala. Iraci se pergunta o que deve fazer para apaziguar o conflito entre as novas enfermeiras e se deve recriminar o comportamento de Célia.

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